segunda-feira, setembro 26, 2005

A luz, a luz



Por vezes acontece: sem sabermos bem porquê vamo-nos afastando de um grupo ou um grupo vai-se afastando de nós. Aconteceu-me com os Cowboy Junkies. Fui arrebatado por The Trinity Session no final dos anos oitenta; quando saiu Caution Horses já achava que Margo Timmins estava a cantar só para mim e na altura em que cantavam Horse in the Country, ainda os seguia muito atentamente (julgo que terá sido aí por 1992, mas posso estar errado). Depois, o tempo foi passando e deixei de estar lá para os continuar a ouvir (ou se calhar a culpa foi mesmo deles, que se foram tornado menos interessantes).
No entanto, podemos, por vezes, regressar aos prazeres do passado. Há tempos, peguei, por acaso, num disco deles – One Soul Now. Um disco que, aliás, revelou-se pouco entusiasmante. Mas o disco vinha com um EP, de cinco covers (entre os quais, Helpless e 17 Seconds). Na loja, foi o EP que pedi para ouvir. Os primeiros minutos da primeira música bastaram. Um cover de Thunder Road que fazia com a música de Springsteen o mesmo que haviam feito a Sweet Jane. Baralhavam, davam de novo e a consequência foi cinco minutos igualmente arrepiantes. Estava refeita a relação. De novo, do meio de uma música que aparentava negritude vinha a luz. Os Cowboy Junkies são isso mesmo: escuros, distantes, mas depois têm a voz de Margo para contrariar com luminosidade o resto.
O entusiasmo recuperado foi entretanto reforçado por dois factos: um disco de covers que entretanto saíu e que confirma que são muito provavelmente a melhor banda do mundo a apropriar-se do trabalho dos outros e um excelente DVD – long journey home – de um concerto o ano passado em Liverpool. Duas horas em que o que se vê é uma banda quase paralisada, escondida em palco, mas tocando uma música que é mais densa do que no passado mas que ainda assim (essencialmente nos temas mais antigos) tem invariavelmente na pureza a maior das suas fontes de energia. E, claro, no meio daquela escuridão toda, surge, outra vez, Margo Timmins iluminada, como numa aparição. Para além de que, hoje, o que era fragilidade tem também uma maturidade que reconforta e recorda que não estava errado quando, no passado, me deixei arrebatar.
Há, no entanto, sempre outro lado. No DVD são os extras, com entrevistas onde os irmãos Timmins se revelam de bem com a vida, alegres, afáveis e contrariam a imagem que dão em palco e na música. Afinal, a luz é trazida por todos. PAS

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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6:48 da tarde  
Blogger miss understood said...

Nesse mesmo álbum, o Blue Moon Revisited (song for Elvis) é dos melhores covers que já ouvi até hoje desse tema. Tudo em sintonia, baixo, guitarra, percussão e a voz angelicaL da menina vocalista. Excelente para adormecer com ternura.

Girl Afraid

11:35 da manhã  
Blogger carolina said...

Ando com a Sweet Jane na cabeça. Sem saber bem porquê...

4:07 da tarde  

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