quarta-feira, julho 21, 2004

o primo Baltimora

Todos nós passámos por isso. Houve uma altura da minha vida em que achava que devia haver uma cela em Vale de Judeus só para os tipos que assumissem ter gostado dos Joy (sem a Division) e dos Century quando eram novos. Hoje acho que deviam ser condecorados pelo presidente da República. Passo a explicar aquilo que o Miguel Esteves Cardoso disse num artigo recente para o Blitz: as pessoas, em termos musicais (como, já agora, em termos conceptuais e sexuais) tendem a falar apenas daquilo que fica bem falar e não querem que se saiba que gostaram ou gostam de bandas, digamos, menos recomendáveis. Ou seja: quando, nos salões de chá da música alternativa, citamos os Felt e os Cranes, queremos, a todo o custo, que ninguém saiba que o nosso passado foi feito com gente chamada Baltimora ou Heart (sim, houve uma banda com este nome). O Baltimora e os Heart são os nossos primos ranhosos que nós não queremos que apareçam aos convidados. Nos salões de chá da música alternativa, queremos também ocultar que, hoje, gostamos de Robbie Williams (fica aqui dito) e que somos capazes de fazer uma coreografia em frente ao espelho ao som da Kylie Minogue (era giro, mas não é verdade). Tudo isto tem de acabar. Só não admitimos que alguém goste da “Melancholic Ballad”, dos Fingertips (continua a merecer a tortura do sono). De resto, queremos saber qual é o vosso cadastro musical. NCS

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Eu confesso! Houve tempos que eu escondia alguns gostos musicais mais duvidosos... na altura ouvia Sonic Youth, Pixies, Joy Division... Mataria alguem se confessasse que, no recanto do lar, eu ouvia o meu jackpot 86 com tanta alegria! O meu cadastro musical inclui todas as musicas foleiras dos anos 80... Eu adoro aquilo, confesso! A batida, as teclas de orgão, os gritos histéricos, as letras de amor foleiras... enfim! Mas agora já não escondo, quero lá saber! já não tenho que impressionar ninguém no Liceu!
Adoro música e adorei a chegada do vosso blog! estou a gostar! Continuem!
Sara

11:34 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Kajagoogoo, Spandau Ballet, Duran Duran, Classic Nouveaux, Falco, Nena, Europe, Industry, e tudo o mais que aparecia numa revista alemã de música (não me recordo agora do nome) e da qual ninguém percebia patavina, mas gostávamos dos posters...

8:51 da tarde  
Blogger Aldino Brito said...

Todos os futuristas, Doce, Ruth Marlene, Mónica Sintra, chega? Tenho um pézinho a fugir para o chinelo (kitsch é mais politicamente correcto), e até tenho um CD no carro, que comprei em saldos numa tasca, que começa com "De mulher para mulher...". E até sei a letra toda, acreditem.

10:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

eu ouvia muito muito Queen, misturado com a Primavera (blhergh) dp Vivaldi no carro do meu pai.. E Spandau Ballet, também. Valha-me-deus.
Bis

2:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A tal revista alemã da qual não me lembrava do nome era a Bravo.

10:20 da tarde  
Blogger insaen said...

Eu cantava os ABBA, mas ainda era muito novo :D

5:50 da manhã  

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