quarta-feira, setembro 01, 2004

Da Escócia com amor


Estamos no início de Setembro e muito provavelmente o melhor álbum do mundo do ano já saiu. Depois de seis meses a ouvi-lo no carro e de um concerto no Sudoeste as dúvidas dissiparam-se. Os Franz Ferdinand, que não trazem nada de especialmente novo, também por causa disso, levam já a taça.
A música é simples como se quer. Guitarras ritmadas – aquelas riffs são todos do catano –, o baixo e a bateria que estão lá para não serem notados, mas apenas para nos empurrarem as ancas para os lados e vozes saídas directamente de 1981. Imagine-se que, em lugar de reedições dos álbuns e de colectâneas, os A Certain Ratio (a propósito, corram para comprar a compilação “Early” editada em 2002 pela Soul Jazz – grande edição, com textos, fotos e filmes) lançavam hoje o seu primeiro disco, ou que os Talking Heads estavam a fazer o sucessor do Remain in Light ou, igualmente bom, que os Television não eram o bando de adormecidos que se arrasta por concertos em 2004. Pois foi isso que os rapazes fizeram. Imaginaram tudo isto, juntaram-lhe ainda mais sentido de humor, uma enorme vontade de sacar umas raparigas e, pronto, alinhavaram onze temas rasgados que fazem as pazes com o rock. Claro que antes do disco, passaram anos a ouvir tudo o que deviam. “Ansiedade da influência” é isso que ali está. Não há grandes bandas que não tenham ouvido grandes músicas e claro que, entre a vassalagem (há outra expressão que se possa usar quando se fala do senhor SPM) aos ídolos, os Franz Ferdinand, durante a adolescência, fizeram os trabalhinhos de casa. Depois de Roddy Frame, Lloyd Cole, David Byrne (sim, não parece mas o rapaz vem das Terras Altas), Teenage Fan Club, Belle and Sebastian e quantos mais, a Escócia envia-nos quatro novos mensageiros com uma mensagem simples e muito “byrniana”: as músicas percebem-se melhor se forem dançadas. No carro, em casa ou no sofá, tanto faz. Claro que já não precisam de fazer mais nenhum disco. Aliás, o melhor era mesmo que não fizessem mais nenhum disco.PAS

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Jacqueline was seventeen, working on a desk, when.......
Hum, que bom. Energia imediata!

Bis

9:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Que venham mais muitos discos!!!

Do you want to?
= )

10:16 da tarde  

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