Hipnóticos porreiraços
Sou um Cool Hipnoise do tempo de Funk é Mem’Bom. Da altura do álbum Nascer do Soul (1995). Até fui a um concerto da rapaziada por alturas do lançamento desse belo disquito. Talvez mesmo a dois. Sempre fui à bola (à excepção dos jogos do Atlético, do Sheffield United e do Caracoletas Desportivo Clube) com o vocalista de então, Melo D - que mais tarde vim a encontrar na labuta entre a discalhada de jazz da FNAC. O resto da banda – Tiago Santos, João Gomes, Francisco Rebelo, Paulo Miuños e Nuno Reis - também era fixolas. Ou, para citar o primeiro Popper e o último Espada, «bem bacana».
Do disco inicial ficou-me também a ternura jazzy (um blogue de Vila Real de Santo António) de Ela Era o Meu Estilo e de Blues Mood, o rap-reaggae fraterno (um blogue de Vila Pouca de Aguiar) de Meu Amigo e o neorealismo crioulo (um blogue de Quarteira) de Bairro de Lata. (Nota importante: se não encontrarem estes blogues, é porque foram despudoramente inventados pelo autor da artigalhada; obrigado).
Acompanhei com atenção o rasto destes hipnóticos porreiraços até Missão Groove (1997), álbum que começa com o magnético Groove Junkie. Depois, não sei bem porquê, desapareci do mapa. Fui pregar para outras freguesias. É claro que apanhei algumas notícias posteriores – a mudança de vocalista, o adeus de outros elementos da banda, o tema com a Simone (chatinho), os Spaceboys o disco do Melo D. Os Spaceboys não me emocionaram (sim, sabemos, que nisto da música isso é que é importante) e o do Melo D, apesar de ter ser um bom disco, ainda é nitidamente a procura de um registo próprio. Cada tema é quase uma experiência de estúdio. Esperemos pelo próximo.
Agora temos no mercado um best of, divido em dois CD’s. Não sei o que é se passa com o vosso, mas no meu tenho uma bolinha no canto inferior direito que diz “Edição Limitada – inclui 6 inéditos”. (Ora toma lá, ó confraria da inveja!). E Brother Joe, o inédito que abre o álbum, é das melhores musiquetas - apesar da militância anti-guerra da letra (à qual só falta a irritada menção de mister Bush). Logo a seguir, Dois, com Fernanda Abreu nas cantarolices, é um temazinho simpático – ideal para ouvir em terraços veraneantes.
Ela era o Meu Estilo, Groove Junkie, Meu Amigo e Bairro de Lata estão aqui - alguns dos quais em versões travestidas e bastante inventivas. Uma nota para o remix feito pelos Mind Da Gap de Meu Amigo. Aliás, essas é umas melhores supresas desta embarcação – transporta vários barris de criatividade. Não é um mero conjunto de recortes de croniquetas antigas.
Também há cançonetas mais recentes (de Música Exótica para Filmes, Rádio e TV, por exemplo) onde se percebe que o rapaz Melo é uma personagem demasiado carismática para não se sentir a sua falta - um dos melhores momentos do segundo disco é um inédito chamado Pequenos Vagabundos, cantado justamente pelo próprio. Digamos que Marga Munguambe aguenta bem o barco, mas não deslumbra. Sim, o melhor dos Cool tem mesmo a marca registada do rapaz Melo. Ele merece. NCS
(texto publicado no último Domingo no jornal A Capital)
Do disco inicial ficou-me também a ternura jazzy (um blogue de Vila Real de Santo António) de Ela Era o Meu Estilo e de Blues Mood, o rap-reaggae fraterno (um blogue de Vila Pouca de Aguiar) de Meu Amigo e o neorealismo crioulo (um blogue de Quarteira) de Bairro de Lata. (Nota importante: se não encontrarem estes blogues, é porque foram despudoramente inventados pelo autor da artigalhada; obrigado).
Acompanhei com atenção o rasto destes hipnóticos porreiraços até Missão Groove (1997), álbum que começa com o magnético Groove Junkie. Depois, não sei bem porquê, desapareci do mapa. Fui pregar para outras freguesias. É claro que apanhei algumas notícias posteriores – a mudança de vocalista, o adeus de outros elementos da banda, o tema com a Simone (chatinho), os Spaceboys o disco do Melo D. Os Spaceboys não me emocionaram (sim, sabemos, que nisto da música isso é que é importante) e o do Melo D, apesar de ter ser um bom disco, ainda é nitidamente a procura de um registo próprio. Cada tema é quase uma experiência de estúdio. Esperemos pelo próximo.
Agora temos no mercado um best of, divido em dois CD’s. Não sei o que é se passa com o vosso, mas no meu tenho uma bolinha no canto inferior direito que diz “Edição Limitada – inclui 6 inéditos”. (Ora toma lá, ó confraria da inveja!). E Brother Joe, o inédito que abre o álbum, é das melhores musiquetas - apesar da militância anti-guerra da letra (à qual só falta a irritada menção de mister Bush). Logo a seguir, Dois, com Fernanda Abreu nas cantarolices, é um temazinho simpático – ideal para ouvir em terraços veraneantes.
Ela era o Meu Estilo, Groove Junkie, Meu Amigo e Bairro de Lata estão aqui - alguns dos quais em versões travestidas e bastante inventivas. Uma nota para o remix feito pelos Mind Da Gap de Meu Amigo. Aliás, essas é umas melhores supresas desta embarcação – transporta vários barris de criatividade. Não é um mero conjunto de recortes de croniquetas antigas.
Também há cançonetas mais recentes (de Música Exótica para Filmes, Rádio e TV, por exemplo) onde se percebe que o rapaz Melo é uma personagem demasiado carismática para não se sentir a sua falta - um dos melhores momentos do segundo disco é um inédito chamado Pequenos Vagabundos, cantado justamente pelo próprio. Digamos que Marga Munguambe aguenta bem o barco, mas não deslumbra. Sim, o melhor dos Cool tem mesmo a marca registada do rapaz Melo. Ele merece. NCS
(texto publicado no último Domingo no jornal A Capital)
1 Comments:
Pois é caro Cristovão... Lá diz a sabedoria popular: "É tudo contra o Atlético..."
Enviar um comentário
<< Home