terça-feira, agosto 02, 2005

Going black again (ou de como o meu Verão é mais negro que o vosso)

Algumas sugestões de Verão e de Praia (não devia ser a mesma coisa?), como que para mostrar que por aqui nem só as guitarras ordenam.

Common – Be



Imaginem que o Marvin Gaye renascia e queria modernizar-se. Tinha poucas opções para além de se juntar à comunidade de mellow rappers (será que existe tal coisa?) e swingar por cima de uma batida sincopada. O Ricardo Gross já disse aqui o que havia a dizer sobre este disco. Não é perfeito, mas é muito bom. “não é obra-prima, antes a obra-prima possível”. Tem de tudo – hits cheesy (faithful) e temas mais arriscados (e também mais conseguidos – que servem para nos lembrar que o D’Angelo nunca mais faz nada). Mas, acima de tudo, tem qualquer coisa do Marvin Gaye (e não é só o look). Pode parecer uma heresia, eu sei. Para ouvir de manhã, antes de ir para a Praia.


The Motown Remixed


Esqueçam a capa assustadora e o conceito dissuasor. O filão dos remixes foi chão que já deu uvas, é verdade. Mas este disco serve para abrir uma excepção (e entretanto confirmar a regra). A verdade é que é muito pouco remixado. A ideia é simples e como muitas das ideias simples, dá-se o caso de funcionar. Junte-se num disco algumas das melhores vozes da Motown (a abrir, os Jacksons 5 com o Michael a cantar no tempo certo, com um swing espantoso, tudo ainda natural; Supremes; Marvin Gaye; Stevie Wonder) e, em lugar de reconstruir as músicas, limite-se a intervenção remixadora ao realçar de alguns elementos: uma linha de baixo mais saliente, uma batida que aparece onde não existia. O resultado é um disco surpreendentemente agradável (um adjectivo que, por vezes, funciona como elogio). Para ouvir no carro, a caminho da Praia.

Rocky Marsiano – The Pyramid Sessions


A ideia não é nova. Aliás, a ideia é perigosa, pois tem um enorme potencial de espalhanço ao comprido. Acontece que no caso funciona. D-Mars, julgo membro da banda de Hip-Hop tuga, Micro, mas de origem croata (o nosso Suba, portanto), junta uns loops jazzísticos com umas batidas de Hip-Hop e faz um grande disco (tal como o do Sam the Kid de há um par de anos, ainda que este disco seja mais orgânico, com músicos de verdade). Para ouvir quando se chega da Praia.

The Soul Gospel


Se o disco da Motown assusta quem para ele olha, esta edição da Soul Jazz tem o efeito contrário. Um booklet cuidado, uma capa irrepreensível e uma escolha de músicas exemplar. Experimentem gostar e depois vão ver como a coisa se entranha. Não há nada novo, nem nada de novo. São velhos temas soul puros, cantados com uma amplitude que é pouco comum nas outras músicas e que são, em boa altura, recuperados (e com um som limpo). A Soul Jazz tem feito mais pela memória da música nos últimos tempos do que o resto das editoras todas juntas. E, como é sabido, o futuro está na memória. Ouçam isto e vejam lá se não se percebe melhor tudo o resto que se tem feito nos últimos anos. Para ouvir à noite, depois de depois de chegar da Praia.
PAS

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O disco do Common não é uma obra-prima mas também não é só um disco bom. Tem qualquer coisa que o torna único e é isso que, no fundo, deixa marca.

11:17 da tarde  
Blogger Pedro Arruda said...

cool bro
:)
aloha

1:06 da manhã  
Blogger Julio Adler said...

Essas brincadeiras de remixar são ótimas, mas os originais duram tanto tempo que sobra, depois de 30, 40 anos, versão pra todo mundo que chega na festa.
O saite é excelente.
SLK neles.
abrazzo
Julio

12:48 da tarde  

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