sábado, outubro 02, 2004

(o verdadeiro) cut & paste

A propósito da indevida associação que, por estes dias, se faz entre o cut & paste e o último disco de Tom Waits, convém lembrar as duas mais importantes obras onde esta técnica é elemento essencial:

A primeira – puramente artesanal, com o corte e costura a ser literalmente feito à base da tesoura e cola -, da autoria de Holger Czukay (membro dos Can), é Movies: um disco fundador que, passados vinte e cinco anos, continua tão fresco como no momento em que foi editado. Muito subtil, demasiado intenso. Ouça-se o tema Persian Love - uma das melhores coisas que eu já ouvi -, no qual Czukay constrói uma comovente divagação musical à volta da voz de uma cantora das montanhas do Irão, captada no seu rádio de onda curta.



A segunda, muito influenciada por Movies (alguns consideram-na, até, um plágio do disco de Czukay), é My Life in the Bush of Ghosts da parelha Brian Eno e David Byrne, e merecerá, um dia destes, mais alargadas notas.



ENP