sábado, agosto 28, 2004

365

Isto está a ficar sério. Aproveito também para informar que o último número da revista 365 (Agosto/Setembro) traz, para além de uma entrevista com Piraña, a famosa personagem da série "Verão Azul", e de poemas de Maria do Rosário Pedreira, um página "Quase Famosos", onde podem ler três textos que não estão publicados aqui no blog. NCS

O único tipo no mundo que nos faz suportar o Kenny G



No passado dia 4 de Julho, fez um ano que morreu Barry White. Pretexto – mais um - para ouvir (por exemplo) “Love Songs”, álbum que contém grande parte dos hits destes compositor e cantor americano que cresceu numa zona de alta criminalidade de Los Angeles. Digo já para não tentarem traduzir os títulos dos temas para português, a menos que queiram correr o risco de ter resultados como: “Nunca me farto do teu amor, querida”; “Eu vou amar mais um bocadinho, querida”; (ou, o mais perigoso:) “Tu és a primeira, a minha última, a minha mais que tudo”. Sim, seria caso para dizer "volta, Clemente, estás perdoado" se não estivéssemos na presença de um génio. White, com a sua voz de barítono que tomou afrodisíacos, de Vitor Espadinha negro e imponente, assistiu certamente a mais relações do que um realizador de filmes porno da Califórnia. Ele é o padrinho de todas as noites de núpcias, de todos os engates de karaoke, de todas as conquistas de cruzeiro mediterrânico. Barry White é, lembremos, o único tipo capaz de tornar o registo Kenny G aceitável. Está tudo dito sobre o senhor. NCS

Divina dedicatória

De passagem por Lisboa, vindo de uma casa com luz, água e pão (mas sem net), aproveito para agradecer ao Francisco a sua divina dedicatória por alturas do nascimento do meu filho. Aguardo, pois, nestes dias de paternidade recente, sugestões de músicas para tornar mais sublime a vida do petiz. Quero também dizer aos milhares de fãs e groupies do Quase Famosos que, a partir de Setembro, vamos ser mais regulares na audição e consequente postagem. Continuamos, por isso, a aguardar o envio de discos e de convites para concertos em qualquer parte do mundo dos Go-Betweens, dos Red House Painters e dos Belle & Sebastian. Prometemos recensões decentes. Obrigado. NCS

segunda-feira, agosto 16, 2004

Fundos musicais


Os tempos não estão para citações, mas li há dias que o Tenessee Williams escreveu que “na memória, tudo parece acontecer com fundo musical”. Pois, Nuno, Bali não tem ambiente musical. É verdade que por todo o lado se ouvem umas músicas, que não sei bem descrever, mas têm um ar metálico, tocadas em xilofones coloridos, em escalas que nos são estranhas. Mas a memória, a memória é o que conta e a memória que de lá trago é outra e tem um fundo musical. Aliás, tem um fundo musical que é o mesmo que tinha o ano passado e que vai ser provavelmente o mesmo quando puder, outra vez, regressar aquelas ilhas. O Jack Johnson, que toca na praia e que eu ouvi no carro e em casa durante todo o ano. O Jack Johnson que não é um músico excepcional, que não trouxe nada de novo às músicas, mas que tem dois discos em que se sucedem as canções perfeitas, a cheirar às ondas e ao tempo perfeito da Indonésia. A minha memória da Indonésia tem esse fundo musical e o Jack Johnson fica, por isso, para mim, entre outras coisas, como um músico perfeito.PAS

sexta-feira, agosto 13, 2004

you deserve to be adored

O Francisco convocou Madchester para falar nos Loto. Nem de propósito, my friend Alexandre comprou dois DVD's que recuperam os sonhos da minha/nossa adolescência. Também quero vê-los e revê-los. Com o mesmo florido entusiasmo com que assisti ao vídeo de “Elephant Stone”, em vésperas de ser lançado o disco que mais cantarolei na vida (a seguir ao "Fungágá da Bicharada”, bem entendido). NCS

quinta-feira, agosto 05, 2004

PAS



Ele vem aí. Está para chegar. Aguardam-se histórias sobre o ambiente musical em Bali. Queremos saber o que é que se ouve por lá depois de uma surfada e enquanto se ergue o pisang ambon. Surf music? New Age Chic estilo Café del Mar? O “Feelings” do general Wiranto? Queremos saber tudo, Pedro. Conta-nos tudo. NCS

terça-feira, agosto 03, 2004

Os alternativos

Eles não vão ao Sudoeste para ver as papoilas saltitantes que dão pelo nome de Franz Ferdinand. Eles não vão ao festival para se elevarem aos céus alentejanos com a ajuda do xarope de efeito alucinogénio dos Air. Nem sequer descem até à Zambujeira do Mar para fazer um pouco de cardiofitness ao som da maquinaria dos Kraftwerk. Eles vão lá abaixo para ver bandas como a Confraria dos Zulus, no Palco Novos Mundos. Gosto deles. NCS

canções para ninguém

Devo ter sido das poucas pessoas que conheço a ter gostado da incursão de Perry Blake por terras californianas. Sim, achei que “California” era a opção inteligente e criativa de quem esgotara o registo de poeta soturno passeando entre estátuas partidas. Mas, confesso, este último “Songs for Someone” foi uma desilusão. Blake volta ao registo de um Black (aquele rapaz da “Wonderful Life”) não tão encantado com a existência e com arranjos que não nos impelem ao suicídio. O sonho californiano deu lugar à depressão irlandesa (gravada, como não podia deixar de ser, num estúdio francês). Dá a ideia que Blake foi atacado pelo vírus dos últimos Tindersticks – chato, repetitivo, sem ideias -, do qual devia livrar-se rapidamente. NCS