quinta-feira, julho 29, 2004

reverendo Ice



Soube hoje que há um frei que faz passar a sua mensagem através do rap. Espera-se agora a retribuição da comunidade. Proponho Ice-T para celebrar a homilia na igreja dos Anjos. NCS

quarta-feira, julho 28, 2004

Rammstein da Câmara Pereira

Há uns meses, em deambulação pela FNAC, encontrei dois DVD’s lado a lado, bem aconchegadinhos e ao mesmo preço (19.95 euros): “Rammstein - Live Aus Berlin” e “Nuno da Câmara Pereira ao Vivo no Coliseu”. Não resisti a trazê-los para os meus aposentos. Feita a análise comparativa que se impunha, aqui ficam duas notas. Primeira conclusão: O DVD dos Rammstein traz uma entrevista aos membros da banda em que estes surgem surpreendentemente calmos a falar sobre a vida, o amor e os passarinhos. Sim, a música deles é aterradora, mas eles são anjinhos nas entrevistas. Já Nuno da Câmara Pereira parece um cordeiro em palco (às vezes, no sentido literal), mas é, como sabemos, um verdadeiro Rammstein das entrevistas. Segunda conclusão: ao contrário do que se poderia pensar, a música de Nuno da Câmara Pereira incita muito mais à violência do que a música dos Rammstein. NCS

quarta-feira, julho 21, 2004

Diz que o Shaun Ryder vai ser candidato à liderança do PS



Ontem, na mesma estação de metro onde reencontrei os B-52’ (o Rato), ouvi o “Step On” dos Happy Mondays. NCS

o primo Baltimora

Todos nós passámos por isso. Houve uma altura da minha vida em que achava que devia haver uma cela em Vale de Judeus só para os tipos que assumissem ter gostado dos Joy (sem a Division) e dos Century quando eram novos. Hoje acho que deviam ser condecorados pelo presidente da República. Passo a explicar aquilo que o Miguel Esteves Cardoso disse num artigo recente para o Blitz: as pessoas, em termos musicais (como, já agora, em termos conceptuais e sexuais) tendem a falar apenas daquilo que fica bem falar e não querem que se saiba que gostaram ou gostam de bandas, digamos, menos recomendáveis. Ou seja: quando, nos salões de chá da música alternativa, citamos os Felt e os Cranes, queremos, a todo o custo, que ninguém saiba que o nosso passado foi feito com gente chamada Baltimora ou Heart (sim, houve uma banda com este nome). O Baltimora e os Heart são os nossos primos ranhosos que nós não queremos que apareçam aos convidados. Nos salões de chá da música alternativa, queremos também ocultar que, hoje, gostamos de Robbie Williams (fica aqui dito) e que somos capazes de fazer uma coreografia em frente ao espelho ao som da Kylie Minogue (era giro, mas não é verdade). Tudo isto tem de acabar. Só não admitimos que alguém goste da “Melancholic Ballad”, dos Fingertips (continua a merecer a tortura do sono). De resto, queremos saber qual é o vosso cadastro musical. NCS

sábado, julho 17, 2004

Pedalemos, irmãos



Um dos momentos melhores do inesquecível (porque, ao contrário do que a pose estática dos «rapazes» poderia sugerir, caloroso) concerto dos Kraftwerk no Coliseu foi a altura em que passaram em revista alguns dos momentos do álbum «Tour de France» - que, nesta altura em que os ciclistas se fizeram à estrada, tenho andado a ouvir aqui no computador. Atrás dos cubos de gelo de Dusseldorf, passaram imagens de várias épocas da famosa Volta, numa montagem ágil que acompanhava o batimento cardíaco da música. Pelos vistos, os alemães gostaram de cá estar - segundo li, vão juntar-se aos obrigatórios Franz Ferdinand no Sudoeste deste ano. Pedalemos, pois. NCS

quinta-feira, julho 15, 2004

O dia em que o DJ do metro não passou Richard Clayderman


Simpática supresa. No princípio da tarde de ontem, a estação de metro do Rato passou uma música dos B-52’s. Gente conhecida, portanto. Apresentei-me aos B-52’s por volta dos 16 anos, altura em que uns amigos mais velhos abriram-me os olhos para “novos” géneros musicais. Eu estava metido nos Pixies, nos Pale Saints e nos My Bloody Valentine e eles mostraram-me, entre muitas outras coisas, o jazz de Miles Davis e dos Weather Report, o virtuosismo com alma de Prince, os estranhos sintetizadores dos Cabaret Voltaire e a música alienada de um grupo retirado de um filme de ficção científica dos anos 50. Pop, rock, punk, surf, new wave, rockabilly, funk – é, como sabemos, desta sarcástica misturada que se faz a festa dos B-52’s. Conheci sobretudo músicas dos álbuns "The B-52's" e "Bouncing Off The Satellites", mas, confesso, fui também seduzido pelo universo mais cantarolável de "Cosmic Thing". Para a História da música ficará o flirt entre as vozes abertas e claras de Kate Pierson e Cindy Wilson e a vozinha irresistivelmente irritante de Fred Schneider, uma espécie de Mark E. Smith sem problemas de classe. Bateu-se o pé no metro de Lisboa. O Quase Famosos agradece ao DJ de serviço. NCS

quarta-feira, julho 14, 2004

canção de circo



«Nobody wants you when you’re/ A circus clown» Magnetic Fields

Não escrevo uma análise sobre o álbum, nem faço comparações injustas com "69 Love Songs". Digo apenas que a minha música do momento é “I Looked All Over Town”, do último "i". Tenho-a ouvido todas as noites, antes de dormir. Está lá tudo o que define os Magnetic Fields: uma melodia estupidamente simples, a voz melancólica e auto-irónica de Stephin Merritt, a poesia limada e rigorosa sobre a solidão dos homens. NCS

segunda-feira, julho 12, 2004

Discos emprestados

Não tenho uma relação de posse com os discos. Gosto que me levem a discalhada – já emprestei CD’s quase sem os ouvir – e gosto de chegar às prateleiras alheias e abusar nas escolhas. Fica já o aviso: nunca me emprestem coisas. Tenho o terrível vício de levar anos (às vezes décadas) a devolver o que me emprestam. (Esqueçam, não vos vou falar de uma namorada que, em 86, pedi emprestada a um tipo que estava a passar na rua). Na sequência de ser alvo de vasta chacota e de um conjunto de difamadores ter sugerido que entre mim e o Vale e Azevedo há uma leve semelhança, resolvi empilhar os discos – e os livros, as arcas frigoríficas e as perucas - que tenho de devolver à procedência.

Aqui estão alguns desses objectos «furtados»:

- «Mahogany Brown» , de Moodymann (sim, João, sou eu que o tenho; aliás, acabo de o ouvir e fico aliviado por saber que a tua vida não teria sido muito diferente se tivesses ficado com este inofensivo disco de Soft-House-Lux-Bar-Lá-de-Cima em casa).
- «The Evening Visits...», The Apartments (sim, Cristóvão, escusas de virar a casa do avesso e de chamares nomes à empregada; não é ela que está a ouvir esse fabuloso disco de uma das raras bandas australianas que conseguem fazer frente aos Go-Betweens - sim, ainda há os Triffids e os míticos Cangurus Atómicos).
- «Drift», The Apartments (sim, Cristóvão, se me devolveres os discos que te emprestei o ano passado e dos quais já não me lembro o nome, poderás voltar a ouvir este disquinho que - por acaso - ainda te pertence).
- «A Ópera Mágica do Cantor Maldito», de Fausto (como eu te percebo, Nuno, ao quereres ver-te livre desta chatice pegada que faz termos saudades dos melhores momentos de «Por Este Rio Acima»). NCS

sexta-feira, julho 09, 2004

O princípio


porque as primeiras coisas devem vir primeiro. PAS

quarta-feira, julho 07, 2004

Onde se responde à questão “por que raio estes gajos tiveram a ideia de criar mais um blog sobre música?”

Quando formos grandes (pronto, um bocadinho maiores), queremos ser venerandos críticos musicais. Ou seja: queremos que uma empregada moldava nos traga à poltrona os discos enviados pela editoras e depois fazer criativos copy/pastes de crónicas de revistas estrangeiras online. Por enquanto, vamos treinando neste blog.
Porquê este título? Porque soa bem. Ah, e também porque “Almost Famous”, de Cameron Crowe, diz alguma coisa a estas quatro melómanas criaturas (não, não é só a Kate Hudson). Atrás das carcaças de cada um dos elementos deste “gang of four”, há uma combinação entre William Miller, o sonhador rapaz que agarra a hipótese de escrever um artigo para a “Rolling Stone”, e Lester Bangs, o cínico crítico musical; entre um miúdo cheio de paixões musicais e um homem experimentado que, no meio das suas avalanches de vinis, aconselha William a não se deslumbrar com essa gente da música.
Quase famosos é também o estádio máximo atingido por algumas das bandas alternativas com que crescemos – os Smiths, por exemplo, a quem vamos roubar uma epígrafe onde está a base do nosso sentimento em relação à importância das canções nas nossas vidas (espaço para recordar todos os lugares comuns sobre a música e a existência; obrigado).
Tudo isto para dizer: editoras, podem começar a mandar-nos discos.

Os Quase Famosos

Cristóvão Gomes
Francisco Mendes da Silva
Nuno Costa Santos
Pedro Adão e Silva