Vida musical

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NCS
"but don't forget the songs that made you cry and the songs that saved your life" The Smiths, Rubber Ring

No bombix mori – um blog onde a música é sempre bem tratada –, o Afonso põe a tocar I Feel Love. Engana-se, porém, quando atribui a autoria da coisa a Dona Summer. I Feel Love foi (como no mesmo bombix é lembrado através das palavras de Iggy Pop) o futuro da música pop. Um futuro que por ora se mantém presente. Mas se a voz que se ouve pertence à Senhora D. Summer, tudo o que por trás dela se passa nasceu da cabeça de um italiano que responde pelo nome de Giorgio Moroder.
Como diria Margarida Rebelo Pinto, não há coincidências. Em 1979, ano em que morria Sid Vicious, Joe e Sylvia Robinson, dois experientes produtores discográficos, resolveram fundar a Sugar Hill Records. Perguntar-me-ão o que é que uma coisa tem a ver com a outra. E eu responderei: aparentemente, nada.
A História – a que interessa – começou no Verão seguinte, quando Sylvia, ao parar numa pizzaria de Englewood, NJ, escutou as palavras debitadas por um tal de Henry Jackson e, encantada com aquilo que ouviu, decidiu fazer um disco de rap. Para tal, a antiga cantora soul/funk, reuniu o dito Jackson – entretanto rebaptizado de Big Bank Hank – com Wonder Mike e Master Gee. Os três formaram o Sugarhill Gang que, sobre a linha de baixo do clássico disco dos Chic – Good Times –, criou aquela que é muito justamente considerada a opus 1 do hip-hop.
Até meados dos anos 80, a Sugar Hill foi editando regularmente e marcando a agenda rap. Ao Rapper’s Delight dos Sugarhill Gang (que apesar do sucesso cedo se eclipsaram), seguiram-se outros temas, quase sempre em edições de 12 polegadas, hoje clássicos indiscutíveis: Monter Jam (1980) de Spoonie Gee; Suspicious Minds (1981) de Candi Stanton; Breakdance/Electric Boogie (1982) dos West Street Mob; e sobretudo The Message (1982) e White Lines (1983) de Grandmaster Flash, com ou sem The Furious Five. Porém, a meio da década, começaram a surgir problemas financeiros decorrentes da saída dos seus principais artistas, ao mesmo tempo que uma nova escola, liderada pelos Run DMC, emergia e dava início à chamada Golden Age. Em 1986, a Sugar Hill fechou portas. Mas o hip-hop – quiçá a mais importante revolução na pop desde o encontro entre Malcolm McLaren e Sid Vicious – tinha vindo para durar. ENP 
