O último disco dos Interpol, que só agora tive oportunidade de descobrir em detalhe, é muito bom. Recupera, numa nova longitude, um certo som expressionista que ao longo das últimas três décadas tem marcado alguma da melhor música a que se usa chamar de rock: o Bowie dos anos berlinenses, ou melhor, a reinterpretação que por essa altura o Thin White Duke fez da música de outras fases da sua carreira; Peter Murphy e os subvalorizados Bauhaus que marcaram os meus anos oitenta; os Placebo, embora estes me digam bem menos que os anteriores. Se os Interpol pertencem à new-yes-and-no-wave de Nova Iorque, a sua sonoridade é bem mais europeia, ou não tivesse metade da banda nascido no velho continente, mais precisamente na nova Europa.
Ora, num disco muito bom há, normalmente, grandes canções, e este não foge à regra:
Evil, o reverso da medalha de
Jaqueline dos não menos estimulantes Franz Ferdinand – que arranca com um baixo intenso e o emocionante verso "Rosemary, heaven restores you in life";
Narc, com o seu epílogo onde se ouve o som áspero das guitarras
a la Television;
Take You on a Cruise, com Paul Banks a soar tal e qual o Bowie de
Station to Station;
Not Even Jail, a melhor música do disco, a destilar swing (gótico).
Guitarra, baixo, bateria e voz, ou o básico, mesmo servido por umas letras medíocres (who cares), a provar de novo as suas virtudes.
ENP